Este artigo é parte de uma série sobre a queda nas taxas de juros e as opções para garantir uma boa rentabilidade para nossos investimentos. No final do texto você encontra links para todos os artigos anteriores dessa série.
Negociando um ETF
Nosso último artigo teve grande repercussão e recebemos e-mails com dúvidas sobre como investir em ETFs e qual seria a melhor opção dentre os disponíveis. Neste texto, para ajudar os interessados, vamos detalhar um pouco mais o processo de investimento nesses ativos e as diferenças entre os principais ETFs.
Como falamos no artigo anterior, ETF é a sigla em inglês para Exchange Traded Fund, que pode ser traduzido como Fundo Negociado em Bolsa. Isso significa que, para investir em um ETF, você deve comprá-lo na Bolsa de valores, da mesma forma que compra uma ação. Para isso, é necessário ter conta em uma corretora.
Existem vantagens e desvantagens em ter um fundo negociado em Bolsa em vez de um fundo de investimentos tradicional. Você só pode investir nele comprando cotas de alguém que decidiu vendê-las na Bolsa, enquanto que, em um fundo tradicional, não precisa que ninguém queira vendê-lo: você aplica recursos e o fundo fica maior, com o dinheiro aplicado por novos cotistas.
A necessidade de comprar o ativo na Bolsa, seguindo uma lógica de compra e venda igual ao de uma ação, é uma desvantagem do ETF, pois é necessário que haja um vendedor ou comprador na outra ponta, mas normalmente isso não é um problema já que eles costumam ter grande liquidez. Por outro lado, por ser negociado em Bolsa, o ETF pode ser negociado por qualquer corretora que você queira utilizar. Os fundos de investimento normalmente estão disponíveis apenas em uma, ou no máximo em algumas corretoras, tornando o ETF mais acessível.
Muitas pessoas não estão acostumadas com o processo de compra e venda de ações. Vale dizer que esse processo é bem simples e rápido. Se você nunca comprou ou vendeu uma ação (ou um ETF), verá que o sistema de home broker das corretoras é fácil de ser utilizado. Inclusive, é um ótimo jeito para começar a investir por meio delas, o que tende a ser muito mais lucrativo do que investir no Banco onde você tem conta. Provavelmente, depois da primeira compra (ou de poucas compras), você estará familiarizado com o sistema e comprará ou venderá sem grande dificuldade. E os funcionários da corretora devem ajudá-lo no caso de qualquer dúvida.
Os ETFs têm algumas vantagens também, e a primeira é o prazo de resgate. Geralmente ETFs são vendidos em um dia e o dinheiro é recebido em D+3 (ou seja, cai na sua conta 3 dias após a venda). Muitos fundos de investimentos têm prazos maiores do que esse, e em muitos casos o prazo supera os 30 dias, podendo a chegar a mais de 180 dias em casos extremos. Se você tem um ETF com bastante liquidez de mercado, ele é um ativo muito líquido. Vamos falar mais de liquidez mais à frente.
Outra vantagem é evitar um efeito manada. Se você investe em um fundo e outros cotistas decidem vender suas participações, ele pode sofrer com um excesso de resgates e perder com isso, prejudicando os demais cotistas que permaneceram (inclusive você). Em um ETF isso não ocorre, pois o fato de um investidor vender suas cotas não afeta o fundo, já que não é o fundo que deve fornecer os recursos, mas sim o investidor para quem ele está vendendo (exceto no caso de grandes investidores).
Diferenças entre os principais ETFs
Os ETFs têm nomes compridos e complicados, mas são negociados em Bolsa por meio de códigos, de modo que vamos utilizá-los para nos referir a cada um. Temos dois ETFs principais que seguem o Ibovespa, chamados de BOVA11 e BOVV11, e um principal que segue o IBrX-100, chamado de BRAX11. Também existe um outro índice chamado IBrX-50 (com as 50 principais ações negociadas na Bovespa) que tem um ETF chamado PIBB11 baseado nele.
As principais diferenças entre eles são o índice que seguem, o custo da taxa de administração e a liquidez.
Ao decidir investir em um ETF, a primeira coisa que você deve escolher é o índice que quer seguir. A diferença entre o Ibovespa e o IBrX-100 foi grande no passado, mas desde maio de 2014 as regras de cálculo do Ibovespa foram alteradas e ambos passaram a apresentar resultados muito parecidos. O mesmo vale para o IBrX-50. Na tabela abaixo temos os resultados de cada um nos últimos três anos.
Existem pequenas diferenças, com um ou outro se saindo melhor, mas é muito difícil saber qual deles será o melhor no futuro. Não temos um critério de desempate: os três índices são bons e devem gerar um retorno razoável a longo prazo.
Para reforçar esse ponto, vale a pena dizer que a carteira do Ibovespa em fevereiro/2018 era composta por 64 ações e a do IBrX-100, como o seu nome indica, por 100 ações. Apesar disso, o valor de mercado era, respectivamente, de R$ 2,92 trilhões e R$ 3,15 trilhões. Ou seja, embora o IBrX-100 tenha 36 ações a mais na composição, seu valor é só 8% maior. Isso acontece por que as maiores ações têm um grande peso tanto na composição do Ibovespa como do IBrX-100. Assim, por mais que haja diferenças entre os índices, as ações que têm mais peso na composição do Ibovespa também são as que têm mais peso no IBrX-100, tornando o resultado de ambos parecido. E a mesma lógica vale para o IBrX-50. Apesar de ele ter metade das ações do IBrX-100, as principais ações têm grande peso na composição dos dois índices, gerando resultados parecidos.
Se a escolha do índice não ajuda muito a definir em qual ETF investir, os custos de cada um têm diferenças maiores. Todos têm taxa de administração baixa, mas o melhor é o PIBB11, que cobra apenas 0,059% ao ano. Ele é seguido pelo BRAX11, que cobra 0,2% ao ano, pelo BOVV11 que cobra 0,3% ao ano e o BOVA11, com 0,54% ao ano. Todos têm taxas baixas, mas por esse critério, o PIBB11 parece ser a opção mais interessante.
A terceira diferença é a liquidez, e aqui é onde temos as maiores diferenças. Em 2017, o BOVA11 teve um total de negócios em Bolsa de R$ 47,2 bilhões, sendo de longe o ETF mais negociado. O segundo foi o BOVV11, com um giro de R$ 3,3 bilhões no mesmo período. O PIBB11 teve um patamar um pouco abaixo, com giro de R$ 2,0 bilhões no ano. E o BRAX11 teve um volume bem menor, de “apenas” R$ 23 milhões. Nesse caso, o BOVA11 tem uma vantagem grande. Apesar dos números gigantes do BOVA11, para um pequeno investidor o giro dos 4 ETFs é suficiente para atender as suas necessidades (afinal, você não pretende negociar mais de R$ 23 milhões em um ano?).
Não temos uma recomendação formal para escolher entre custo de administração baixo ou liquidez. Você deve pesar as duas coisas para fazer sua opção. Mas, em geral, para investimentos de longo prazo de pequenos investidores, o custo deve ter peso maior do que a liquidez: se o seu investimento é de longo prazo e você não pretende ficar comprando e vendendo o tempo todo, a liquidez não é um problema. Nesse caso, o PIBB11 e o BRAX11 são as melhores opções. Na Ohr, a maioria das recomendações para investimento em ações são de longo prazo, de modo que incluímos o BRAX11 em diversas carteiras recomendadas. Porém, às vezes você pode resolver investir em ações a curto prazo, em busca de oportunidades pontuais. Nesse caso, a maior liquidez do BOVA11 o torna mais atraente. O BOVV11 e o PIBB11 acabam sendo as opções de maior equilíbrio, com custo mais baixo do que o BOVA11, mas liquidez bem maior do que o BRAX11.
O fato é que temos quatro boas opções. Agora que você conhece um pouco sobre os custos e a liquidez dos principais ETFs, cabe a você escolher o que mais se adapta às suas necessidades. Se quiser saber a opinião da Ohr de onde investir em ações, sua melhor alternativa é assinar a Carteira Ohr. São diversos relatórios, com custos começando a partir de R$ 9,90 por mês.
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Artigos anteriores desta série:
1 - O fim da renda fixa (como você conhece)
2 - O brasileiro é viciado em renda fixa
3 - Invista como um milionário
4 - Como ganhar na Bolsa sem saber quando ela vai subir ou cair?
5 - O retorno do investimento em ações compensa?
6 - ETF, você ainda vai ter um