Este artigo é parte de uma série sobre a queda nas taxas de juros e as opções para garantir uma boa rentabilidade para nossos investimentos. Você pode acessar os artigos anteriores no fim deste post.
Neste texto vamos entender como os milionários montam suas carteiras de investimentos e o que podemos aprender com eles – mesmo sem sermos muito ricos.
Como o mercado financeiro enxerga seus clientes
Antes de entender como os mais ricos investem, vamos ver quem são eles. O mercado financeiro divide seus clientes em 3 categorias: varejo tradicional, varejo alta renda e private (classificação da Anbima).
Os primeiros são todos aqueles que têm conta bancária e investem pequenos valores. O varejo alta renda é composto na sua maioria pela classe média. São clientes que têm investimentos de R$ 50 mil ou mais (o valor mínimo varia de acordo com a instituição). É nesse segmento que entram clientes, por exemplo, do Itaú Personnalité, Santander Van Gogh, Bradesco Prime etc. E, finalmente, temos o private banking (banco privado, em tradução literal). Para ser private, o cliente precisa investir no mínimo R$ 1 milhão (de novo, o valor é aproximado e varia de acordo com critérios definidos por cada instituição). Na figura abaixo podemos ver como o mercado é dividido:
O quadro evidencia algumas curiosidades e diferenças marcantes entre as categorias. O montante investido no país em varejo tradicional e em private banking é relativamente próximo - R$ 916 bilhões e R$ 868 bilhões, respectivamente. Mas, em número de investidores, a diferença é enorme: são 67,5 milhões de contas no varejo tradicional e apenas 117 mil no private. Com isso, o patrimônio médio de quem investe no primeiro grupo é de R$ 14 mil, enquanto no segundo chega a R$ 7,4 milhões.
Onde os milionários investem?
O mercado de private, no país e no mundo, é o mais concorrido e desejado pelos bancos. Isso porque esse tipo de cliente leva para a instituição uma quantidade considerável de dinheiro, tornando-os muito lucrativos. E esse mercado não fica restritos aos bancos tradicionais: corretoras e bancos de investimentos também têm áreas exclusivas para atender aos milionários (ou bilionários); além deles, existem também empresas especializadas em atender exclusivamente a este segmento, chamadas de Family offices.
Além de uma série de mimos, os clientes private recebem a assessoria de especialistas, que os ajudam a investir para obter retornos maiores do que os da maioria. Uma das chaves está na alocação dos recursos em diferentes tipos de ativo. A figura abaixo detalha as carteiras dos três grupos de clientes.
Clientes de varejo tradicional e de alta renda investem a maioria do seu capital em renda fixa. Já os private, com a orientação de especialistas, investem mais em ações (diretamente ou por meio de fundos) e fundos multimercados. Isso se traduz em taxas de retorno mais altas, que compensam o risco um pouco maior. Os bancos adotam essa estratégia porque sabem que esse mercado é bastante disputado e que clientes private são muito exigentes: se o banco gerar retornos medíocres, o investidor acaba migrando para o concorrente (ou para uma corretora, family office etc.).
Mesmo nos investimentos em renda fixa há diferenças importantes dentro das categorias: enquanto clientes de varejo tradicional têm aplicações majoritariamente na caderneta de poupança, os private, mais bem assessorados, investem sua parcela de renda fixa em produtos mais rentáveis e de risco igualmente baixo, como tesouro direto, LCIs e LCAs.
Além da rentabilidade, clientes private são tratados a pão de ló. Primeiro, na assessoria, já que eles não são atendidos, como o grande público, por gerentes de agência –profissionais esforçados, mas que não são especialistas em investimentos e que têm metas de venda de diversos outros produtos para bater. Além disso, esses clientes não têm que enfrentar fila de banco: normalmente, é o banco que vai até sua casa ou escritório para atender suas demandas dos mais diversos serviços bancários. Também são convidados para eventos sofisticados, como palestras de autoridades ou grandes economistas (por vezes, até o presidente da República fala em eventos para este público), e luxuosos, como jantares em restaurantes estrelados.
Posso ter carteira de private sem ser milionário?
Deve ser muito bom ser um cliente private e ter todo esse tratamento VIP e uma assessoria especializada de investimentos. De fato, a primeira parte acaba sendo exclusividade de milionários. Mas a boa notícia é que investir direito não custa caro nem requer milhões à disposição. O primeiro passo é simples: se sua carteira está focada em renda fixa, fica a dica para diversificá-la com outros produtos, investindo em ativos semelhantes aos dos clientes private. E, mesmo dentro de cada categoria, busque os ativos que são mais rentáveis ou menos arriscados (de preferência ambos).
Na Ohr não temos tratamento VIP nem levamos você para programas caros e luxuosos. Mas temos como objetivo permitir que o pequeno investidor individual tenha uma carteira pensada para as suas necessidades, tão bem montada (ou até mais) quanto as que clientes private recebem. Nossos relatórios não devem em nada às carteiras private. Utilizamos uma metodologia própria, chamada de VIB, para garantir que as carteiras sugeridas gerem alto retorno com nível de risco controlado.
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O brasileiro é viciado em renda fixa
O fim da renda fixa (como você conhece)