Este artigo é parte de uma série sobre a queda nas taxas de juros e as opções para garantir uma boa rentabilidade para nossos investimentos. No final desta página temos links onde você pode acessar os artigos anteriores da série.
Neste texto vamos entender como podemos investir na Bolsa e ter ganhos mesmo sem saber se o índice deve subir ou cair em determinado momento.
Entendendo como o investimento na Bolsa se comporta
A maioria das pessoas acredita que para investir em ações, e ser bem-sucedido nisso, é necessário saber a hora certa de comprar e vender, acertando os movimentos da Bolsa e lucrando com eles. Se você pensa assim, saiba que isso está longe de ser verdade.
Para entender melhor, vamos fazer um breve exercício. No quadro abaixo temos o resultado anual do Ibovespa (o índice da Bolsa de Valores de São Paulo) entre 1995 (após o Plano Real e o fim da hiperinflação) e 2017. Peço que você observe o quadro com calma (gaste pelo menos 30 segundos nisso), e tente entender como seus resultados variam.
O que você entendeu ao observar os resultados? Se sua resposta for “Não entendi nada!”, fique tranquilo. Você está correto! Não dá mesmo para entender muita coisa, porque os números não têm um sentido lógico: temos anos ótimos, como 1999, com alta de 152%, e anos péssimos, como 2008, com perda de 41%. Há períodos com anos de alta seguidos de outros de baixa (2007-2012) e períodos de seguidas altas (2003-2007) ou seguidas perdas (2012-2015). Note que aqui não estamos falando de dias ou meses, mas sim de um tempo razoavelmente longo, de um ano; mesmo assim, nossa conclusão é que não vemos sentido nenhum nos resultados.
Se ao observarmos os anos isoladamente não conseguimos ver nenhum sentido, vamos observá-los em conjunto, no gráfico a seguir, e ver se conseguimos extrair algum sentido.
A imagem mostra a evolução do Ibovespa, em pontos, em um período longo, de 23 anos. Nesse período ainda vemos grandes variações, muitas delas difíceis de entender, mas, observando o gráfico como um todo, uma coisa chama a atenção: a tendência de alta em períodos longos. Basta observar os extremos do gráfico. Ele começa no fim de 1994, em 4.354 pontos, e termina no fim de 2017, aos 76.402 pontos; uma alta de 1.655% (o que equivale a um retorno médio composto anual de 13,3%).
Outra coisa interessante: qualquer período maior do que 10 anos que você escolher dentro do gráfico vai mostrar a mesma tendência de alta. São 14 períodos de 10 anos cada um, com o primeiro começando em 1994 e acabando em 2004, o segundo entre 1995 e 2005 e assim sucessivamente, até o último, iniciando-se em 2007 e finalizando em 2017. Em qualquer um deles, por maiores que sejam as altas e baixas, o resultado final é sempre de alta. Mesmo em períodos menores, a tendência é a mesma. Dos 16 períodos de 8 anos existentes no gráfico, em apenas um temos prejuízo (2007-2015, com perda de 32%). E dos 19 períodos de 5 anos, em apenas três temos perdas (2009-2014, 2010-2015 e 2011-2016).
Aqui temos uma lição fundamental para quem quer investir nesse segmento (ou mesmo para aqueles que já investem). A curto prazo (um ano é curto prazo), é muito difícil identificar tendências. O investimento em ações a curto prazo não faz sentido, porque há um grande risco de prejuízo (em 11 dos 23 anos analisados o resultado foi de perda) que não compensa o potencial de retorno. Mas investimentos de longo prazo têm uma tendência de gerar ganhos. Quanto maior o prazo, menor o risco de prejuízo. Ou seja, o investimento em ações só faz sentido a longo prazo, quando a relação risco x retorno fica favorável ao investidor.
A segunda lição importante vem da primeira tabela (aquela na qual não conseguimos ver nenhum sentido): tentar adivinhar o que vai acontecer com o mercado é muito difícil (diria até impossível).
Você deve saber que é impossível prever o futuro e adivinhar os momentos em que a Bolsa sobe ou cai. Mas deve saber também que, para o investimento em ações ser bom, não é preciso conhecer o futuro. Esse tipo de aplicação traz resultados excelentes, pois a longo prazo (ou seja, quando você mantém seu capital investido ao longo de muitos anos) ele tem potencial de gerar grandes ganhos. Isso significa investir durante as altas e as baixas. Quem obteve o retorno de 1.655% que o Ibovespa proporcionou entre 1995 e 2017 esteve com o capital investido ao longo de todos esses 23 anos: não o retirou depois da queda de 41% em 2008 ou após quatro anos seguidos de baixa entre 2012 e 2015. Se tivesse retirado o capital nesses momentos, não teria obtido os ganhos dos anos seguintes.
Investir é isso. É permanecer com o capital aplicado, nos momentos bons e ruins. Tentar acertar as oscilações da Bolsa não é investir, mas sim especular. Que fique claro, isso não é errado, ilegal ou sequer imoral, só não é investir. O que você deve saber é que a maioria das pessoas que especula com ações perde dinheiro, devido aos altos custos de corretagem envolvidos, à alavancagem ou a erros de decisão (errar os momentos de altas e baixas). Não recomendo a ninguém especular, até porque investir é mais fácil, dá menos trabalho e gera resultados melhores.
Se quer ganhar dinheiro investindo em ações o segredo é um só: invista! Não especule. E faça isso com visão de longo prazo, aceitando as altas e baixas que enfrentar pelo caminho, não ficando muito seguro de si e otimista com os ganhos e nem excessivamente pessimista ou medroso com as perdas. Trace uma estratégia e siga ela.
Quer investir em ações e não sabe por onde começar? O melhor caminho é assinar os relatórios da Ohr. Temos carteiras recomendadas, nas quais indicamos quanto do seu portfólio alocar em ações (nunca invista tudo em ações) e em que ativos investir (indicamos principalmente fundos, e não a compra de ações diretamente). Nossas carteiras são acessíveis, com preços a partir de R$ 9,90 mensais, e recomendadas para pequenos investidores. Temos carteiras para investidores com capital a partir de R$ 10 mil.
Gostou deste artigo? Se quiser receber nossas newsletters gratuitamente, basta cadastrar o seu e-mail na nossa lista.
Artigos anteriores desta série:
O brasileiro é viciado em renda fixa
O fim da renda fixa (como você conhece)